29/09/2009

Boa noite.

Como se o sono
Fizesse sentido
Somente após seu
Pré-consentimento,

Duas palavras que
Mudam a forma
Com que o véu
De cansaço paira
Sobre o dia,

Espero suas palavras;
Programadas.

São emitidas e digeridas
Em breve processo

Hermenêutico,
E então, proferidas são,

Quase que simultaneamente.

Não como qualquer
Processo
Biunívoco,

Prazerosamente.
Esperá-
las,
As palavras,
Tornou-se

Diária ocupação.

A ânsia acolhe
Os ponteiros
E os dígitos
Em coma profundo.
Mudam seu propósito,
Alheios à caminhada
Diuturna que faz

O tempo.

Passado o desespero,

Suportada a ânsia,
É chegada a hora.
Enfim, sossego.

Por H.O.

14/09/2009

Ócios do ofício.

O nada está sendo feito.
O exercício do ócio,
A prática do tédio.
Comece a fazer
E irá reclamar;
Continue fazendo
E irá adorar.
À minha imagem
E semelhança,
O tédio adquiriu formas.
O nada agora tem pernas!
Mas a vontade está em falta
Para fazê-las funcionar.
O nada estorva,
Pois agora ocupa espaço.
O pensamento é lento
E complexo:
Pense em nada e nada terás.

Por H.O.

10/09/2009

Velha história

Passa,
Pela enézima
Vez, o velho.
Sem pressa e
Pela calçada,
Palavras solta.
Soltas no ar,
Irrequietas,
Se expandem
Como gás.
Que cheira
A café,
A cigarro
E a perfume
De mulher.
Colecionador
De aniversários,
De palavras,
Leituras,
Gostos,
Cheiros
E histórias.
Irrequietas,
Não desordenadas.
Joga ao vento
Poesia conversada
Aos ouvidos das
Paredes.


Hugo. O.






09/09/2009

Crescendo traço.

Ao rabiscar-te
Tocar-te posso,
Sem mecanismos,
Com a ponta do
Lápis.
Apenas sua grafia
É palpável -
Nesta hora -
Ao invés do que,
Na verdade, é.
Eis a qualidade
Mais bela da
Palavra escrita.
Possibilidades
Afloram e, então,
É possível ornamentar
Sem ter,
Imaginar apenas,
Como um tato
À distância,
Como a luz
Que nos toca
Mesmo sem tocar.
Descrever um caminho
Correr de mim
Até você.
Assistir a paisagem
Se montar e desmontar-se
Enquanto avanço;
Flores a crescer

E a sumir, porém,
Cor do textoÀ beira da estrada.
Contemplar-te
Ao fim da trilha,
Abraçar.
Só com um lápis.

H.O.

08/09/2009

Constância.

Peito nu escreve
Em lençóis
De suor úmidos,
Como se dedos
Escrevessem
Em secos papéis,
Contam juntos,
Arrebitados,
A bela história
Do dia.
Desenrola-se
Em retas,
Em linhas,
Em traços,
Em caminhos
Feitos de algodão;
Contam as horas
Gastas
Com poesia
Concreta.
Fios
Douradas mechas
Saltam da cor clara
Dos brancos lençóis.
O contraste denuncia,
Porém somente para
Os olhos de dentro
Faz-se correto o alarme.
Deixados sobre a cama,
Em coro, cantam os
Traços pelos corpos
Deixados:
Repetência.
Assim clamam,
Assim desejam,
Desejamos,
Doravante,
Dias e dias
Assim.
Por H.O.

06/09/2009

Escôo.

Recomponha-se,
Não para demonstrar
Força;
Para pôr em ordem
Os pensamentos,
Vagos.
Para baixo
Os lábios se
Curvam.
Os dentes formam
Uma linha
Em zigue-zague,
Emperrados.
Mas algo deve
Ser expulso.
Lágrima ponta
Solitária
Num olhar
Igualmente
Acompanhado.
Com o controle
Recomposto,
Palavras jorram,
Lágrimas são
Proferidas.
Em linhas tortas
O arrependimento
Se configura;
Num rosto que já
Havia esquecido como
Se lavar, o aprendizado
Torna-se a toalha do
(Auto)Perdão.
Por H. O.

03/09/2009

O vendaval.

Cheiros
Se confundem
Com o abraço
Apertado,
Com o vento
Dando voltas em "O",
Ungindo, ao passar,
Os corpos
Que se deleitam
Um do outro.
Devagar.
Fusão.
Dos braços,
Dos peitorais
Ofegantes,
Dos Hálitos
Fragrantes,
Das estonteantes
Carícias
E salivas.
Entropia.
Corre elétrica
Do soslaio,
Ganhando ainda
Mais força
Na eminência
Dum retroato;
Que ocorre furioso.
Dentes, lábios,
Salivas, odores
E línguas
Se chocam.
Violência.
Beijo.
Um minuto.
Respiração.
Sem vergonha,
Mas com inocência,
Cheire,
Toque,
Grite.
Beije
E
Respire
O vendaval.

Por Hugo. O.

O início.

Esse blog foi criado com o intuito de publicar poesias e crônicas. Com o tempo daremos mais explicações a respeito do blog, mas por enquanto, fica assim.

Ps: Era pra ser "Um copo de cólera", mas não havia disponibilidade desse nome, então fomos obrigados a fazer uma pequena alteração, entretanto, o sentido deve permanecer o mesmo.